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Academia Brasileira de Letras encerra Brasil, brasis na cadência do samba e do frevo

O Seminário Brasil, brasis se despede deste ano com muita ginga e cadência. Na quinta-feira (29), a partir das 17h30, estudiosos e personalidades vão discutir “Ritmo e poesia: Samba no pé, Samba no verso”.

Dirigidos por Marcos Vinicios Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras, os confrades José Murilo de Carvalho e Alberto da Costa e Silva estarão juntos com o jornalista Leonardo Dantas e os músicos Nei Lopes, Nelson Sargento e Lenine para um debate que vai unir samba e frevo. Em fevereiro, o gênero musical característico da cultura popular pernambucana completou 100 anos.

Ritmo e poesia: Samba no pé, Samba no verso é a última série do “Brasil, brasis” 2007. Desde março, um tema diferente por mês é discutido por acadêmicos e outros intelectuais. O Seminário ficou marcado por trazer à tona assuntos atuais e de interesse da sociedade como “Favelização”, “Literatura e Televisão”, “Saúde”, “Legislação autoral”, “Ações que transformam”, “Fotografia” e “Novas mídias”.

O evento terá entrada franca e transmissão ao vivo pelo portal da ABL.

Conheça os debatedores:

Nei Lopes

Compositor, escritor e pesquisador das culturas africanas, nasceu no subúrbio de Irajá, no Rio de Janeiro, em 1942. Bacharel em Direito, abandonou a recém-iniciada carreira de advogado para dedicar-se à música e à literatura.

Nelson Sargento

O sambista pisou pela primeira vez no palco, em 1965, no espetáculo Rosa de Ouro, de Hermínio Belo de Carvalho. De lá pra cá, só de Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira lá se vão cinqüenta e tantos anos.

Lenine

O pernambucano costuma dizer que é um artista de MPB, Música Planetária Brasileira, uma definição singular que agrega toda e qualquer manifestação musical brasileira ou de qualquer canto deste planeta.

Leonardo Dantas

Desde cedo no jornalismo, foi redator do Jornal do Commercio (PE) e Diário de Pernambuco. Atualmente, é Assessor da Companhia Editora de Pernambuco, membro efetivo do Conselho Estadual de Cultura e Consultor do Instituto Ricardo Brennand.

Lapa, cidade da música

4 outubro, 2007 2 comentários


O circuito cultural do Samba e Choro da Lapa permite repensar a crise e as alternativas para a indústria da música e para o Estado do Rio de Janeiro. É possível identificar na trajetória de sucesso deste fascinante circuito pistas capazes de nos fazerem refletir sobre a importância estratégica da cultura e, em particular, da indústria da música local para o desenvolvimento de diferentes regiões do país.No contexto atual, em que o desafio de promover o crescimento equilibrado aparece como uma verdadeira obsessão para as novas gerações, este livro busca contribuir de alguma maneira para a reelaboração de políticas públicas mais efetivas e democráticas.

Abaixo, o texto da orelha do livro por Hermano Vianna:

 

“Que a indústria fonográfica tradicional está em declínio, disso ninguém duvida. Mesmo assim – no meio da crise – nunca se produziu e consumiu tanta música como hoje. Há certamente artistas e públicos para todos os estilos, contudo há obstáculos e problemas graves na mediação entre produção e consumo. A verdade é que o modelo desenvolvido pelas gravadoras no século XX não dá mais conta dos negócios. É esse contexto atual de crise e a necessidade de se buscar inovação que Herschmann avalia neste livro, dando importantes sugestões para entendermos o futuro da indústria da música.

Já há algum tempo, o público vem se conscientizando de que as novas músicas pop de periferia produzidas no Brasil – tais como o funk carioca, o tecnobrega paraense e o forró eletrônico cearense, entre outras – não dependem das grandes gravadoras e tampouco da grande mídia para manter sua enorme popularidade nas ruas e grandes festas da maioria das cidades do país. São novos business musicais (cada um com seu modelo diferente) apresentando propostas e soluções bem criativas para os dilemas gerais da indústria fonográfica. Entretanto, lendo Lapa, cidade da música, é possível constatar que outros gêneros musicais, com histórias mais longas e de maior credibilidade junto à crítica mais conservadora, vivem situações semelhantes, nas quais a “falta de apoio” tem obrigado os atores sociais a inventar outros novos modelos de negócios, em sua maioria dissociados do sistema que as majors gostariam de eternizar.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor musical no Brasil, o renascimento da Lapa e a visibilidade cada vez maior de uma nova geração de músicos de “samba-choro de raiz” evidenciam como – de forma inovadora, sem o incentivo do Estado ou das grandes gravadoras (e com a colaboração apenas da “mídia espontânea”) – estes atores sociais que atuam neste novo circuito cultural vêm conseguindo mudar a geografia da vida noturna do Rio de Janeiro.

Esse processo, que é resultante da articulação e ação de inúmeros agentes sociais, é estudado de forma detalhada e cuidadosa neste livro. O autor sugere, a partir de sua análise do caso da Lapa, que é preciso se apoiar soluções endógenas – afinal, elas foram o ponto de partida para se construir a “nova Lapa”, com grande sucesso. Um sucesso que deveria servir de lição para todos”.