Letra Livre – TV Cultura e programa sobre literatura

O encontro da literatura com temas que dominam o cotidiano – eis uma das metas do programa mensal Letra Livre, que estréia hoje (05/11), às 20h, na TV Cultura. Trata-se da reunião de escritores consagrados, sempre de universos literários diferentes, para confrontar idéias, expor opiniões e, claro, discutir literatura. “No primeiro programa, por exemplo, tratamos da questão da escravidão no Brasil, desde o tempo imperial até os dias de hoje”, comenta o jornalista e crítico Manoel da Costa Pinto, que vai comandar os encontros – na noite de hoje, ele recebe o romancista Milton Hatoum e o poeta Glauco Mattoso. Criado por Hélio Goldstein e patrocinado pela Imprensa Oficial de São Paulo, Letra Livre terá sempre uma hora de duração, dividido em quatro blocos.

Fonte [Estadão]

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Papel Manteiga

A gente nem para pra pensar direito sobre os prazeres da comida e muito menos sobre os prazeres de uma boa conversa. Alguém ainda se lembra que, além do e-mail existe o correio? Engraçado, não? Ele esteve praticamente presente em toda caminhada da humanidade, mas hoje, com o correio eletrônico, praticamente nos esquecemos de sua existência. Bem, retornando ao assunto, que é um dos sentidos, o paladar, mas que também leva a um pecado, a gula. Falemos sobre um livro bastante interessante, que é este Papel Manteiga.

O livro é na verdade um romance epistolar, mas que faz do sabor (e porque não, o saber) das palavras receitas de alta gastronomia. As cartas trocadas entre Antonia e sua bisavó, a quem ela trata por Bisa, são extremamente tocantes e sinceras. O carinho que há entre as duas personagens transborda pelas páginas do livro como aquele refogado delicioso que nos deixa com água na boca. Assim como está na orelha do livro, “Receitas são letras e não o bolo em si, a bandeja. Porque palavras se transformam em bolo se você quiser”. Podemos imaginar o saborear das cartas e das receitas que permeiam cada uma delas.

A união de dois grandes prazeres só poderia dar em coisa boa. Pergunte-se agora se alguém consegue cozinhar em completa mudez. Eu acho que não. Enquanto são preparados os pratos, conversar é um dos temperos. Contar o que se pensa pode ser adocicado, agridoce ou até mesmo amargo. Tudo é uma questão de paladar e boa conversa. Observação e talento.

Nas cartas deste romance, Antonia, que fugiu de casa, vai contando para sua avó tudo sobre o restaurante/casa/escola de uma excêntrica chef, a Senhorita Virginia.

As receitas são assinadas por Tatiana Damberg, gastrônoma.

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